Conheça o «5 Para a Meia Noite», Um Dos Melhores Programas da Televisão Portuguesa…

Intervenientes do «5 Para a Meia Noite» Fonte: http://www.ionline.pt

Hoje trago uma peça jornalística, onde é descrito o que se passa, num dos melhores programas da televisão portuguesa, o 5 para a meia-noite, passo a transcrever a referida noticia, no entanto, vou me abster de comentar a publi-reportagem.

«Cinco Para a Meia-Noite: Os segredos do talk-show mais visto do país

O programa mais arriscado da TV é um sucesso. A culpa é da internet – e destas cinco caras

Em Junho do ano passado, Conan O’Brien estreava “The Tonight Show” na NBC, talk-show que viria a baralhar as contas do horário da noite na televisão americana, até ser interrompido em Janeiro deste ano por fracas audiências.

Na mesma altura, arrancava na RTP2 um talk-show ao mesmo estilo mas mais modesto – e menos conflituoso. “5 Para a Meia-Noite” propunha a típica conversa entre um perguntador sentado a uma secretária e um respondedor sentado num sofá a uma hora a que as crianças já não estão a ver televisão. Nove meses depois, o programa com cinco apresentadores (um por dia) arrasta uma audiência média de 150 mil espectadores, superando em share canais como TVI e RTP1. Senhores da NBC, venham cá ver isto.

Os números são bons mas para Bruno Santos, sub-director da RTP2 e mentor do programa, focarmo-nos neles é medir o sucesso pelos indicadores errados. “Não inventámos a roda, o programa é um talk-show onde os apresentadores trocam e há um tema fixo todas as semanas. Onde marcamos a diferença é na internet”.

“5 para a Meia-Noite” é um programa de entrevistas e sketches que passa entre a noite e a madrugada no segundo canal da televisão pública, mas não é só isso. Depois das luzes do estúdio em Paço de Arcos se apagarem o programa mantém-se vivo: está disponível em download directo gratuito 30 minutos depois de terminar na TV – e neste particular vence “Ponto-Contraponto”, de Pacheco Pereira, online quatro dias depois de passar em antena – e pode ser visto em streaming: o site do programa é o mais visitado da RTP. Se contarmos com o widget (programa que se instala no desktop ou blogue e actualiza tudo o que é novidade do programa), o video-on-demand e os visionamentos por telemóvel, edições como a desta semana dedicados ao tema “gingar” foram distribuídos por cinco canais diferentes – seis se somarmos a boa velha televisão. Mas as contas continuam com as redes sociais, multiplicadores de visionamentos. A página de Facebook tem mais de 86.000 fãs e apresentadores como o Nilton ultrapassam os 11.000 seguidores do Twitter.

Aberto 24h.

“O programa dura 24 horas e não trinta minutos”, diz Ricardo Tomé o responsável pela comunicação e conteúdos multi-plataformas, “a ligação entre os apresentadores e o público não se perde nunca”. Luís Filipe Borges, que apresenta o programa à sexta-feira, chegou a passar cinco horas a responder a e-mails e mensagens dos espectadores. “Os apresentadores testam ideias através das redes sociais, pedem ajuda aos espectadores, recebem um feedback enorme e a partir daí alteram coisas nos programas”, sentencia Tomé.

Para a segunda série, apresentadores e produtores receberam um telemóvel topo de gama para poderem fazer vídeos, actualizar as suas contas de Facebook ou Twitter. “Quem chegou cá a pensar que ia trabalhar umas horas e apresentar um programa uma vez por semana viu logo que não era assim”, conta o responsável pelo online. Os apresentadores reagiram todos bem às exigências da produção. Todos menos um. “Quis saltar fora”, dispara Filomena Cautela. Mas o que assustou a única cara feminina do programa não foi a vertente multimédia do programa, mas o humor: “Não sou humorista, sou actriz. Consigo interpretar textos de humor mas não de os criar. Sou muito crítica em relação à má televisão e não queria participar nisso”. Entretanto a ansiedade da mais jovem do quinteto foi acalmada pela produção que lhe garantiu que ia ter uma equipa experiente a trabalhar com ela e que “conseguia fazer isto sem enlouquecer. Mas enlouqueço sempre um pouco”.

A Magia do directo.

“Não é um simples programa de TV, as pessoas sentem uma proximidade com o ‘cinco’ que nunca sentiram com outro programa qualquer”, aponta Luís Filipe Borges, o ‘Boinas’ das sextas-feiras, apresentador que esteve naquele que foi o protótipo do “5 Para a Meia Noite”, o programa “A Revolta dos Pastéis de Nata”, também na RTP2. Com cinco anos de televisão e muitas horas de directo, Borges confessa que o nervosismo ainda lhe afecta na hora de entrar no ar. Eis o seu método de relaxamento (ou superstição?): “Bebo sempre um whisky depois do jantar, houve um dia em que não havia e fiquei nervosíssimo”.

A conversa de copos e loiças leva-nos até às canecas do programa, mais do que um mero acessório ou potencial peça de merchandising. “Sim, houve uma vez que tinha whisky na minha caneca e sei que o Alvim já pôs vodka na dele”, diz entre gargalhadas antes de rematar: “É possível que já tenha acontecido um ou outro excesso alcoólico, sim, mas como se costuma dizer, ‘é a magia do directo'”.

Magia negra é o que resulta da mistura entre a magia do directo e o humor negro. E quem sofreu as consequências foi Nilton, o homem das quartas-feiras, que teve de emitir um pedido de desculpas depois de um convidado, o humorista Pedro Sinel de Cordes, ter passado dos limites numa piada sobre Eunice Muñoz. “Pedi desculpas porque dou a cara pelo programa, mas não acho que seja preciso impor limites no humor”.

Muitos dos sketches de “5 Para a Meia-Noite” têm um humor mais arriscado e provocador que nem sempre é bem entendido por todos. “Há gente que acha de mau gosto, que não entende, mas nós estamos ali para ser alternativos e diferentes, estamos ali para fazer o que nos apetece”, anima-se Nilton.

O “5 Para a Meia-Noite” funciona um pouco como o irmão reguila mais novo de uma família numerosa: toda a gente sabe que ele faz asneiras, mas ninguém é capaz de se zangar. E por isso ninguém estranhou quando Filomena Cautela atribuiu a Manuel Luís Goucha o prémio de “melhor apresentadora”. O homem das manhãs da TVI é que não achou tanta piada e tratou de processar o programa. “Respeito as pessoas que não acham piada a este tipo de coisas”, é o comentário

Ensaio geralmente.

Terça-feira, 23h, Fernando Alvim chega aos estúdios da Valentim de Carvalho com um ligeiro atraso. Nada que surpreenda ou assuste a equipa de produção. Descontraído, de mãos nos bolsos, passeia entre a maquilhagem e o estúdio até começar aquilo que entre os colegas se chama “um ensaio à Alvim”. Vinte minutos de conversa simulada com os produtores, passam-se os sketches da noite e Alvim vai à sua vida – que consiste em fazer conversa com um dos entrevistados, o taxista-benfiquista Máximo Ferreira e pescar no catering da produção: Filipinos, bolachas de água e sal, sumos e umas maçãs – antes de ir para a maquilhagem.

Os convidados esperam na rua e não tocam nos mantimentos deixados pela produção. A discrição tem dois motivos: já vêm jantados – houve até quem chegasse lá com duas cabeças de leitão – e não são propriamente convidados. O produtor Erick Andrade diz que não precisa de pagar a qualquer figurante desde que o programa descolou. E isso foi antes de começar a ser emitido. “Tinha 400 e-mails de gente a querer participar e ainda não tinha ido nada para o ar além de uns teasers”, recorda Ricardo Tomé.

Gatos escaldados.

O sucesso do programa, segundo produção e apresentadores, não é uma surpresa. O mesmo já não podem dizer daquilo que aconteceu no Carnaval da Trofa: debaixo de chuva, o grupo vencedor da melhor máscara estava vestido de “Eu Amo Você”, uma rubrica em que Nilton liga a anónimos e repete essa frase – e deu origem aos vídeos mais vistos do YouTube do programa com quase 250.000 visualizações. Outras manifestações de apreço ao programa vão de homens nus com a frase escrita numa faixa no meio da serra da Arrábida, a vídeos de garotos a imitar a rubrica.

O sub-director da RTP2 admite que o sucesso do ‘cinco’ esteja relacionado com a falta de oferta nos outros canais – “não há por aí nada parecido” – e na diversidade de apresentadores: “quem não gosta num dia pode gostar noutro”. Nilton reforça a ideia de que o programa é uma alternativa, “muito popular numa altura em que a TV é monocórdica”.
Houve, no entanto, uma altura em que as grelhas tinham outros humoristas sentados em grandes secretárias a fazer perguntas incómodas. “Gato Fedorento Esmiúçam os Sufrágios” foi o maior sucesso televisivo do período eleitoral e conseguiu em poucos dias aquilo que o programa da estação pública demorou meses a conseguir: ter grandes figuras da política sentadas no seu sofá. “Em Portugal parece que só pode haver uma estrela de cada vez e os Gato Fedorento estão nessa espiral alucinante de popularidade. Reúnem à sua volta uma aura imbatível, é outro campeonato”, desabada Nilton. Inveja? “Digamos que é uma inveja salutar, lá chegaremos ao estatuto a que eles chegaram.»

In: http://www.ionline.pt/conteudo/48746-cinco-meia-noite-os-segredos-do-talk-show-mais-visto-do-pais, a 27 de Fevereiro de 2010, no Jornal I

Boa Semana

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