Hoje e para começar bem a semana, trago um artigo sobre o novo BMW 35i.
« Um automóvel para quem pode e não para quem quer
O BMW X3 com o motor 35i a gasolina tem um comportamento de arrasar, mas para o ter é preciso não ter preocupações quando se vai à bomba abastecer
A BMW lançou no início do ano o X3 revisto e aumentado. Cresceu exteriormente em dimensões, melhorou a habitabilidade e subiu também a capacidade da mala. A qualidade de construção e o conforto subiram também proporcionalmente, tornando-o a referência do segmento, em comparação com os seus mais directos concorrentes desta distinta família premium: Audi Q5, Mercedes GLK e Volvo XC 60 (poderíamos acrescentar ainda Porsche Cayenne e VW Touareg, que são perfeitamente comparáveis, quer em termos de prestações quer de preços, ainda que em termos psicológicos sejamos levados a considerá- -los num sector à parte).
O X3, um SUV com tracção às quatro rodas, é portanto uma boa escolha para quem precisa de um automóvel capaz de transportar a família, a bagagem, apresentar níveis de conforto comparáveis com os de uma belina e ainda estar apto para fazer incursões fora de estrada, quase só limitadas pelo tipo de pneus que o carro montar, porque de resto as suas competências são mais que muitas.
Na Europa, e particularmente em Portugal, a maior parte das vendas recai na motorização 2.0d, equilibrada, com prestações bastante boas, consumo médio módico (inferior a 7 litros/100km) e um preço menos inacessível.
Essa será a escolha lógica. No entanto, o nosso teste recai numa outra versão, com uma motorização a gasolina mais alambazada e que, como escrevemos em título, só se adequa a quem não tenha o mínimo de preocupações com o que paga cada vez que vai à bomba atestar o depósito de 67 litros.
Durante o teste fizemos uma viagem Lisboa-Porto e volta, com mais uns desviozinhos pelo meio, e gastámos cerca de 140 euros de combustível. Felizmente nas portagens o X3 paga classe 1.
Equipado com o motor de 3 litros de cilindrada, seis cilindros em linha e 306 cavalos de potência, o BMW X3 xDrive 35i é um brutamontes muito simpático. É capaz de circular em cidade da forma mais suave possível, para se transformar num diabo, capaz de ir dos 0 aos 100 km/h em menos de 6 segundos, pese embora o seu avantajado peso de 1,8 toneladas.
Claro que isso se paga na bomba, com consumos que vão dos 13 litros aos 100 km numa condução muito, mas mesmo muito ajuizada, cumprindo todos os limites do Código da Estrada, até aos 17 litros se se fizer muito percurso em cidade e auto-estrada a pisar o risco aqui e ali, e sobretudo se se recorrer muitas vezes ao kick- down para fazer ultrapassagens atrevidas. A fundo, conte com cerca de 20 litros aos 100 km. Uma barbaridade!
Mas esquecendo essa história dos consumos, a verdade é que o BMW xDrive 35i consegue dar um prazer de condução que não está ao alcance de muitos outros carros deste tipo.
Para isso muito contribuem todos os aperfeiçoamentos electrónicos, como a possibilidade de regulação do modo em que se quer conduzir (normal, sport ou sport+), já testados noutros modelos BMW e que alteram o comportamento da suspensão, do regime de caixa, motor e direcção.
A caixa de velocidades automática (também de funcionamento sequencial) de 8 relações faz milagres e é responsável por mal se sentirem quebras de rotação na evolução da marcha.
O sistema xDrive é responsável por haver sempre potência em ambos os eixos, conforme as necessidades de aderência e falta dela em cada uma das rodas. Em situações normais, o sistema reparte 40% da potência pelo eixo dianteiro e 60% pelo traseiro. Consoante as necessidades, essa repartição pode ir até à transferência de toda a potência para o eixo traseiro.
No modo mais radical, todas as ajudas ao condutor (controlo de tracção ou controlo de estabilidade são reduzidas ao mínimo, ou mesmo desligadas, permitindo tirar o máximo prazer de uma condução desportiva).
Referir os interiores para quê? Estão ao melhor nível que a marca alemã nos habituou. Bons materiais, equipamento supercompleto, tudo bem desenhado e organizado de uma forma muito sensata e intuitiva.
O X3, que já é um automóvel que custa bastante dinheiro, mesmo com motorizações menos espampanantes, com este motor é um automóvel que será comprado por um pequeno nicho de automobilistas na Europa. Já na América é uma versão absolutamente normal, tão normal que é a única que sai da fábrica que a BMW tem nos Estados Unidos.
Uma boa escolha para quem a puder fazer. Afinal não é um carro para quem quer, mas para quem pode. »
In: http://www.ionline.pt/conteudo/126158-um-automovel-quem-pode-e-nao-quem-quer, a 27 de Maio de 2011, em Jornal I
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